Havia antigamente
Muita gente a mendigar
Eram sempre os mais velhinhos
Que não podiam trabalhar
Sempre rotos, mal vestidos
Encostados ao bordão
Pedindo de porta em porta
Um bocadinho de pão
Rezavam pelas alminhas
A pedir esmolinha
E o pobre, o menos pobre
Dava sempre qualquer coisinha
Batiam com alguma força
Em qualquer porta ou portão
Fazendo chorar o menino
Fazendo ladrar o cão
Pobres, tão pobrezinhos
Rosto cansado, olhar vazio
Calcorreando caminhos
De pés doridos, roxos de frio
Um Pai Nosso ou Avé Maria
Por um bocadinho de pão
Eles rezavam todo o dia
Até à exaustão
Cobertos de farrapos
E grande canseira
Pobres velhinhos!
Sem eira nem beira
Percorrendo caminhos
De aldeia em aldeia
Sem horas para jantar
Nem horas para a ceia
Quando chegava a fome
Puxavam da sacola
Tiravam o pão
Que lhe deram de esmola,
Sem saber por quem,
Mas que ao pobrezinho
Lhe sabia tão bem.
Chegada a noite
Cansados demais
Procuravam abrigo
Em palheiros e currais
Agitavam a palha
Faziam a cama
E ali dormiam com os animais
E viviam assim
Os pobres de antigamente
E hoje… será melhor?
Ou apenas diferente?
Leonor vieira
um poema da minha avó com 88 anos que continua a escrever
1 comentário:
Bem, fiquei estupefacta... simplesmente maravilhoso!
Parabéns à tua avózinha...
Beijinho pa ti
P.S. Sabes que a minha avó tem 89 anos, sempre foi poetisa e continua a escrever?...
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